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Lettre du 18 janvier 1580 à Manuel de Goes

DE HUMA DO P. MATEUS RICIO SOBRE O GRAÕ MOGOR E NOVAS PARTICULARES DA INDIA

O Magor, que he o rey da India septentrional, onde dizem que pregou o evangelho o apostolo s. Bertolameu, cuio império se estende pera a parte do sul quasi no trópico de Cancro, de Cambaia até a Bengala, pera o ponente se aparta do rey da Pérsia com o rio Sinde ou Indo, indaque hum seu irmão tem alguma cousa alem do rio, porem paga pareas ao rey da Pérsia; pera o norte confina com os Tártaros, de cuia casta elles também decem, té a perto de 35 graos, e finalmente pera o levante com huns montes muito altos, o nome dos quais agora me não lembra: basta que faz hum grande quadrado. Este rey ha dias e anos que, vendo, a falsidade de sua seita de Mouros, deseia mudar lei. E intendendo alguns Portugueses, que no seu reino tratão, as cousas da nossa santa fee, parecelhe que são boas e mostra algum deseio de se aproveitar delles; faz muita honra e beija muitas vezes huma imagem de Nossa Senhora, que não sei como lhe veio ás mãos, favorece muito os christãos. Não sei como soube de hum sacerdote que estava em Bengala, homem de poucas letras: o mandou chamar e lhe faz tanto gasalhado e honras que he pera se não crer: lá terão as cartas que o mesmo clérigo escreve ao arcebispo de Goa. Chegou até a começarlhe a ensinar a lingoa portuguesa e ja lhe tinha ensinado a primeira palavra que era Jesu Christo, com a qual el rey saudava os Portugueses, e o bom clérigo lhe respondia: “Jesu Christo vos ajude”.

Este ano mandou hum embaixador muito avisado a Goa com cartas ao visorey, ao arcebispo a ao p. provincial, cuio treslado mandará nas annuas, nas quais nomeadamente pedia dous padres da Companhia pera os quais mandava duas mulas, aos quais promete, que fará muito gasalhado e honra e os guardará como sua pessoa, e que os deixava vir quando quiserem com muitas merces e honras. Não diz na carta que se quer fazer christão, mas que seião os padre doutos na nossa lei e que levem consigo todos os livros della. E escrevemnos os Portugueses, especialmente hum Pero Tavares, a quem dizem que fez depois visorey de humas suas terras em Bengala, que elles não podem ver o coração, mas por quanto podem collegir do exterior, se quer fazer christão. Este foi recebido por obra dos nossos, que ja sabião o que vinha pedir, com o maior gasalhado que pode ser, o mesmo que se fizera na entrada de hum visorey. Acertou de estar grande parte da armada na barra; e porque quis entrar por mar, o furão tomar a Santiago, que está duas ou tres legoas da cidade, e com todo género de instrumentos o levarão ao cais e dahi ao paço onde estava o visorey com toda a fidalguia esperando por elle. Também a primeira vez que veio a visitar o nosso collegio e a dar a carta ou formão ao padre provincial, lhe fizemos grande festa com mostrarlhe quanto avia em casa, a igreia com seus retavolos, onde lhe tangerão órgãos e cantarão, os ornamentos que aqui temos muito bons, até a fazermos vestir irmãos com as vestes, mitras e báculo pontifical do patriarcha, com os outros mais. Depois foi levado ao collegio, que he huma machina a como essa de Coimbra porque estaa acabado; á livraria, á botica, enfermaria, noviciado, orta b , atafona, ao refeitório, onde lhe derão muito bem de merendar: não quis ahi beber vinho por não desedificar os seus, mas rogou que lho mandassem a sua casa, que estava apegada com o collegio. Todos estes lugares ha de imaginar V.R. que estavão bem armados. Por derradeiro foi á casa de meninos. Ahi lhe fizerão danças, cantarãolhe em nossa lingoa e em lingoa pérsia, que he a sua; de que ficou pasmado; tangerãolhe cravo, violas, e, por acabar, não me parece que lá em Portugal puderão fazer maior agasalhado. Pasmou sua alma; disse que aquelle collegio era huma cidade pequena e agradeceo muito aos padres o agasalhado. Dai por diante não fazia Nádia sem conselho dos padres: vinha muitas vezes ao collegio, á igreia até ás mesas que este ano tivemos dos nossos filosophos, que acabarão hum curso arrazoado com dezaseis ou dezoito dos nossos. Os seus Mogores, quando vinhão á igreia, deixavão as alparcas na porta e depois vinhão a fazer oração ao altar mor especialmente a Nossa Senhora, debruçados; e o embaixador, quando lhe mostramos em casa as relíquias e a imagem de Nossa Senhora de s. Lucas, não se podia fartar de olhar pêra ella, dizendo que aquela era viva.

Forão escolhidos pera esta missão o nosso p. Rodolfo Acquaviva e o p. Francisco Henriquez, que sabe lingoa persia, por ser nacido em Persia; o terceiro foi primeiramente escolhido o p. Manoel Teixeira : depois os médicos iulgarão que pelas suas doenças avia de morrer no caminho. Depois escolherão o p. João de Mesquita, e não sei porque se tornou a desarmar: basta que não sabemos quem ha de ser. Partio o p. Provincial pera Baçaim com o embaixador e os demais que eu disse, dizendo que em Baçaim se determinaria. Levarão consigo huma Biblia inteira das grandes do Plantino, que ha de dar grande autoridade, por ser mui bem encadernada e dourada. Estaa assentado que vão tres, hum de mais do que pedem, por muitas causas; porem não sabemos quem será. Se antes de partir todas as naos, souber alguma cousa, o escrevei a V.R. isto he quanto está feito acerca desta grande empresa. Estamos todos mui alvoroçados, esperamos muito e não menos que a conversão de toda a Índia, se soceder bem; com tudo tem as suas difficuldades, pera que V.R. e os outros não cuidem que está ia feito, o deixem de o encomendar a Nosso Senhor; porque deixo que estes são Mouros, deixo também os empedimentos que em semelhantes obras põem o demonio. Este rey tomou grande parte dos reinos, não sabemos com quanto dereito, e inda que elle se converta, inda fica de converter todos os seus. Nosso Senhor he grande e todo poderoso. Os nossos, como entendo, vão determinados de não bautizar logo el rey, mas ter delle licença de fazer igreias e pregar e começar o edifício não do pináculo mas dos fundamentos, ja que dixe el rey que avia de fazer huma igreia grandecomo o nosso S. Paulo de Goa. Entenderão das annuas que el rey não avia de largar o clérigo que lá tinha antes da chegada dos padres, mas que em Cochim chegarão agora as nãos de Bengala, e nos dão novas que ia era tornado ao seu lugar e que tinha feita huma igreia de S. Paulo e com a licença que tinha pragava e bautizava com grande fervor. Nosso Senhor Seia louvado.

Não sei se fui mais comprido do que eu prometi do principio; o cuidar que V.R. ha de folgar de entender tudo quanto passou me fez esquecer do propósito que tinha começando a escrever, mas o guardarei em contar as mais cousas. Fizerãose as pazes com o Idalcão muio honrosas para este estado e tornarão nos o nosso de Salsete, onde temos a maior conversãon, em Goa. Convertoese huma filha do Meali c , verdadeiro successor do reino de Idalcão, mas lançado do que agora reina e que mora em Goa. Fazemse prestes pera o estreito pera irem fazer huma fortaleza, porque temos por novas certas que o Abexim lançou todos os Turcos do seu estado, os quais não poderão ser socorridos dos seus, por estar o Turco muito maltratado del rey da Pérsia como lá saberão melhor; ia he senhor de tosa a fralda do mar. O padre Geral, sem saber ainda da morte do nosso patriarcha d , nem desta occasião, manda este anno tres o quatro padres, como se fará. A Maluco foi o p. Jorge Fernandez e com muito boas esperanças. De Samatra o Matias d’Albuquerque f espera de a tomar, e por isso veio agora a India a pedir gente ao visorey, por serem mortos el rey com todos seus successores e grande parte dos nobres de peçonha, e mais de quarenta mil do povo de peste. Estas novas vierão agora frescas do p. Duarte Leitão, que era reitor de Malaca : agora ha tres dias que chegou a Cochim com o mesmo Matias d’Albuquerque e nos trouxe tambem a grande nova do Japão da conversão del rey de Bungo, rey de cinque reinos principal do Japão, com as mais particularidades que verá V.R. na carta do p. visitador g , na qual usamos grande diligencia em a mandar per vias per participarem de tamanha alegria. Em Malaca se fez por isso procissões e aqui em Cochim ja se repicarão os sinos na cidade e armamos huma procissão solene. Na Costa da Pescaria, que he pera a parte de Bengala, se fizerão mil christãos, e nesta de Travancor el rey mandou queimar tres igreias; depois tornado em si, as mandou fazer a sua custa, porque o regedor que pos por obra esta cruel sentença, inda agora está cego e confessa que foi por queimar as igreias, e querer queimar huma cruz que nunqua por milagre de Deos quis tomar fogo; a qual agora os christãos, que se acharão presentes, com grande alvoroço tornarão a alevantar e fazemlhe grande honra.

Aqui perto de Cochim, como V.R. saberá, temos huma christandade antigua de S. Thomé h , a qual parece que o apostolo fez antes de passar mais adiante á Costa da Pescaria onde foi martirizado. Esta tinha necessidade de ser visitada e lavrada, por ser ategora governada por bispos de Armenia. Agora se alevantou com favor da rainha de Cochim hum Simeão i por arcebispo daquella diocese, sem ter letras do papa nem cousa autentica senão favor de gentios, cuios subditos são os christãos. O arcebispo mór Abraham, que he o verdadeiro provido do papa Pio IV j , inda que era bon homem, não deixava entrar os nossos dentro de sua diocese; agora por medo de Simeão com grande providencia de Deos aiuntouse comnosco e professa muito mais descubertamente, iuntamente com o seu arcediago, que he hum homem mui poderoso entre elles, a igreia Romana, e são ja vestidos á maneira dos clerigos portugueses (tirando a barba), dizem Missa com as vestimentas feitas como as nossas, dizemna com hostia, não com bolos, como antes fazião, comungão o povo sub una tantum specie , frequentão mais todos os sacramentos, e agora aiuntarão o da confirmação e da extrema unção, que te agora não tiverão; fazem as igreias ao nosso modo e este ano escreverão ao papa e a Sua Alteza que não ha de aver nenhuma differença destas duas igreias que na lingoa, porque elles fazem os officios em caldeo, e que hão de introduzir todas as nossas cerimonias e ritos, e se de lá lhe mandarem emprensa, tresladará o missal e o officio ou o breviario novo romano, do qual mostrão folgar os seus como folgão de ouvrir Missas latinas, como se vio em quererem que em humas suas festas se dissesem as Missas em latim tambem, o que os nossos fizerão com grande aparato de musica e instrumentos com grande alvoroço do povo &c.

De Cochim, aos 18 de janeiro 1580.

Matheus Ricio ao p. Manoel de Goes em Coimbra

UNE LETTRE DU P. MATTEO RICCI SUR LE GRAND MOGHOL ET INFORMATIONS PARTICULIERES DE L'INDE

Le Moghol 1 est le roi de l’Inde septentrionale, où l’on dit que l’apôtre saint Barthélemy prêcha l’Evangile, dont l’empire s’étend au sud presque jusqu’au Tropique du Cancer, depuis Cambay 2 jusqu’au Bengale, et partagé à l’ouest par le roi de Perse ainsi que par le fleuve Sindh ou Indus, bien que l’un de ses frères 3 possède quelques terres au-delà du fleuve, mais semble payer un tribu au roi de Perse; au nord il confine avec les Tartares, de la caste desquels ils proviennent eux aussi, jusqu’à presque 35 degrés et enfin au levant avec de très hautes montagnes 4 dont le nom m’échappe en cet instant : il suffit de dire qu’il forme un grand carré. Depuis des années ce roi, voyant la fausseté de sa propre secte, celle des Maures, désire changer de loi 5 . Et comprenant par certains Portugais 6 , qui font commerce dans son royaume, les choses de notre sainte foi, il semble les trouver bonnes et manifester le désir d’en tirer profit ; il honore et baise très souvent une image de notre Madone, dont j’ignore comment elle a pu tomber entre ses mains, et se montre très favorable aux chrétiens. Je ne sais comment il eut vent d’un prêtre qui vivait au Bengale 7 , un homme de peu de lettres : il le fit quérir et lui montra tant d’hospitalité et lui fit tellement d’honneurs que ce n’est pas chose croyable ; il y a là les lettres écrites par le même prêtre à l’archevêque de Goa 8 . Il alla jusqu’à commencer à lui enseigner la langue portugaise et lui avait déjà appris le premier mot qui était Jésus Christ, par lequel le roi saluait les Portugais, et le bon prêtre lui répondait : « Que Jésus Christ vous vienne en aide ».

Cette année, il envoya à Goa un ambassadeur très avisé 9 avec des lettres pour le vice-roi, l’archevêque et le provincial dont je vous enverrai la traduction dans les annuelles, faisant quérir nommément deux pères de la Compagnie pour qui il envoyait deux mules, auxquels il promit force honneurs et hospitalité et avec les égards dus comme à sa propre personne, et qu’ils pourraient repartir lorsqu’ils le désireraient avec quantité d’honneurs et de présents. Il ne dit pas dans sa lettre qu’il veuille se faire chrétien, mais seulement qu’il y ait de doctes pères dans notre religion qui puissent apporter tous les livres la concernant. Les Portugais nous écrivent, en particulier un certain Pero Tavares, dont on dit que le Moghol fit par la suite nommer vice-roi de l’une de ses terres du Bengale, qu’ils n’ont pas encore pu scruter son cœur, mais, d’après ce qu’ils peuvent en déduire de l’extérieur, il désire se faire chrétien. Celui-ci 10 fut reçu par les nôtres, qui savaient déjà ce qu’il venait demander, avec la plus grande des hospitalités, la même chose que l’on aurait faite à l’entrée d’un vice-roi. Il fut convenu de faire demeurer l’armée dans l’embouchure du port ; et puisqu’il voulut entrer par la mer, ils le reçurent à Santiago 11 , qui se trouve à deux ou trois lieues de la ville, et par toute sorte de moyens le conduisirent jusqu’aux quais et de là au palais où habitait le vice-roi où toute la noblesse l’attendait. De même, la première fois qu’il est venu rendre visite à notre collège pour remettre la lettre ou pour informer le père provincial, nous lui avons fait grande fête en lui montrant ce que nous possédions dans notre maison : l’église et ses décorations, où nous avons joué les orgues et avons chanté, les ornements que nous tenons ici en bon ordre, jusqu’à faire porter par nos frères les habits d’apparat, les mitres et le sceptre pontifical du patriarche, et d’autres choses encore. Il fut ensuite conduit au collège, qui est un édifice somptueux comme celui de Coïmbra car il est achevé : à la bibliothèque, à l’officine, à l’infirmerie, au noviciat, au potager, au moulin, au réfectoire, où lui fut servie une très bonne collation. Il ne voulut pas boire de vin pour ne pas indigner les siens 12 , mais demanda à ce qu’on le lui envoie à sa résidence qui jouxtait le collège. V.R. doit imaginer combien ces lieux étaient bien pourvus. En toute fin, il se rendit dans la maison des pensionnaires 13 . Là, ils dansèrent et chantèrent pour lui dans notre langue et en langue perse, qui est la sienne ; il en fut émerveillé ; on joua pour lui du clavecin, de la viole et pour conclure, je ne crois pas que là-bas au Portugal on eût pu lui faire meilleur accueil. Son âme en fut stupéfiée ; il dit que ce collège était une petite cité et remercia beaucoup les pères de leur accueil. Dorénavant, il ne fit plus rien sans le conseil des pères : il vint à plusieurs reprises au collège, à l’église et aux assises 14 qui cette année accueillaient deux de nos philosophes qui venaient de conclure un cours raisonné avec seize ou dix-huit des nôtres. Les seigneurs Moghols, quand ils entraient à l’église, laissaient leurs chaussures à la porte puis venaient prier plus particulièrement vers l’autel de Notre Dame, prosternés ; et l’ambassadeur, quand nous lui montrâmes dans la maison les reliques et l’image de la Madone et de st. Luc, ne pouvait se lasser de la regarder, disant qu’elle était vivante.

Pour cette mission, furent choisis notre père Rodolfo Acquaviva et le père Francisco Henriquez, qui connaît la langue persane, pour être né en Perse ; le troisième choisi fut initialement le père Manoel Teixeira : par la suite les médecins jugèrent qu’à cause de ses maux il allait en chemin. Puis, ils choisirent le père João de Mesquita, et je ne sais pourquoi on y renonça : si bien que nous ne savons pas qui cela sera 15 . Le père provincial partit pour Bassein 16 avec l’ambassadeur, accompagnés de ceux dont j’ai parlé, disant que l’on déciderait à Bassein. Ils emportèrent avec eux une Bible complète, parmi les grandes de Plantin, propre à donner une grande autorité, car parfaitement reliée et dorée. Il était établi que trois partiraient, un de plus qu’ils n’en demandaient, pour différentes raisons ; toutefois, nous ne savons pas qui ce sera. Si je venais à savoir quelque chose avant que les bateaux ne partent, j’écrirais à V.R. sur ce qui est fait autour de cette si grande entreprise. Nous sommes tous très affairés, et nos espérances sont grandes mais non moins que celles de la conversion de toute l’Inde, si tout se passe bien ; mais compte tenu de toutes les difficultés de cette entreprise, que V.R. et les autres se gardent bien de considérer que tout cela soit accompli et ne cessent jamais de nous recommander à notre Seigneur, en laissant ainsi de côté le fait qu’ils soient Maures tout autant que les embuches dressées par le démon en de semblables œuvres. Ce roi s’est emparé d’une grande partie des royaumes, mais nous ne savons pas de quel droit, et en admettant qu’il se convertisse, encore faut-il convertir tous les siens. Mais notre Seigneur est grand et tout-puissant. Les nôtres, d’après ce que je comprends, sont déterminés à ne pas baptiser immédiatement le roi, mais plutôt à obtenir de lui l’autorisation de faire construire des églises et de prier, et de commencer l’édifice non pas du pinacle mais à partir des fondations, puisque le roi lui-même dit qu’il avait l’intention de construire une église aussi grande que notre S. Paul de Goa. Vous comprendrez à la lecture des annuelles que le roi n’avait pas l’intention de relâcher le prêtre 17 qu’il gardait auprès de lui avant l’arrivée des pères, mais à Cochin sont arrivés à présent les navires du Bengale et l’on nous a informés que le prêtre était déjà rentré chez lui et qu’il avait fait construire une église consacrée à S. Paul et, avec l’autorisation qu’il avait, priait et baptisait avec une grande ferveur. Que notre Seigneur soit loué.

Je ne sais si je me suis appesanti plus que je ne l’avais promis au début ; penser que V.R. puisse se réjouir en apprenant tout ce qui s’est passé m’a fait oublier le but que j’avais en commençant à écrire, mais je m’y tiendrai en racontant le plus de choses possibles. Il fut fait avec l’Adil Khan 18 une paix très honorable pour la situation et notre compagnon revint de Salsette 19 à Goa, où nous avons un plus grand nombre de conversions. Une fille de Meale se convertit, véritable successeur du royaume d’Adil Khan, mais exilé par celui qui règne et demeure aujourd’hui à Goa. On est en train de construire sur le détroit 20 une forteresse, car nous tenons pour certain que l’Abyssin 21 expulsa tous les Turcs de son Etat, lesquels n’ont pu être secourus par les leurs, le Turc étant très maltraité par le roi de Perse 22 comme ils l’apprirent d’autant mieux sur place ; il est déjà seigneur de cette partie de la mer. Le p. Général, n’ayant pas encore été informé de la mort de notre patriarche , ni de ces circonstances, envoie cette année trois ou quatre pères, comme il se doit. Le p. Jorge Fernandes fut à Maluco 23 avec plein de belles espérances. Mathias d'Albuquerque espère prendre Sumatra, c’est pourquoi il vient à présent en Inde pour demander des hommes au vice-roi, car le roi y est mort avec tous ses successeurs, ainsi qu’une grande partie de la noblesse, et plus de quarante mille personnes du peuple à cause de la peste 24 . Ces nouvelles fraîches nous sont venues du p. Duarte Leitão 25 , qui était recteur de Malacca :il y a maintenant trois jours qu’il est arrivé à Cochin avec le même Mathias d'Albuquerque et nous rapporte également du Japon la grande nouvelle de la conversion du roi de Bungo 26 , roi des cinq principaux royaumes du Japon 27 , comme V.R. le verra avec davantage de détails dans la lettre du p. visiteur que nous priment soin d’envoyer avec grande diligence afin qu’elle participe à une telle joie. À Malacca l’on fit pour cela des processions et ici à Cochin l’on sonna les cloches dans la ville et nous mîmes sur pied une procession solennelle. Sur la Côte de la Pêcherie, qui se trouve du côté du Bengale, on fit mille chrétiens, tandis qu’ici, dans le Travancore, le roi 28 donna l’ordre d’incendier trois églises ; ensuite, revenu à lui, il les fit reconstruire à ses frais, car le juge qui fit exécuter cette cruelle sentence est à présent aveugle et avoue qu’en allant incendier les églises et en voulant mettre le feu à une croix, celle-ci comme par miracle, ne voulut prendre feu ; à laquelle les chrétiens, qui alors se trouvaient présents et qui l’édifièrent à nouveau avec grand enthousiasme, font aujourd’hui grand honneur. Ici, près de Cochin, comme V.R. l’apprendra, nous avons une chrétienté très ancienne, celle de saint Thomas , laquelle semble être avoir été constituée par l’apôtre avant d’aller plus loin, sur la côte de la Pêcherie où il fut martyrisé. Celle-ci avait besoin d’être visitée et labourée, pour être gouvernée aujourd’hui par des évêques d'Arménie. A présent, un certain Mar Siméon se proclama archevêque de ce diocèse avec les faveurs de la reine de Cochin, sans avoir de lettres du pape ni autre chose d’authentique sinon les faveurs des gentils, dont les sujets sont les chrétiens. L’archevêque Mar Abraham 29 , qui est le véritable représentant du pape Pie IV, bien qu’il soit un brave homme, ne permettait pas aux nôtres d’entrer dans son diocèse ; à présent, par peur de Siméon et avec la grande providence de Dieu, il s’est uni à nous et professe très ouvertement, en compagnie de son archidiacre 30 , qui est un homme très influent parmi eux, pour l’église romaine, et sont habillés comme des prêtres portugais, (hormis la barbe), ils disent la messe avec des vêtements semblables aux nôtres, il la disent aussi avec l’hostie et non avec de petits pains 31 , comme ils faisaient avant, ils communient avec le peuple sub una tantum specie 32 , ils pratiquent de plus en plus tous les sacrements et ajoutèrent récemment la confirmation et l’extrême-onction, qu’ils n’avaient pas jusqu’à présent ; ils construisent les églises selon notre usage et cette année ils ont écrit au pape et à son Altesse qu’il n’y avait de différence entre les deux Eglises que la langue, en ce qu’ils font leurs offices en chaldéen, et qu’ils comptent introduire toutes nos cérémonies et nos rites, et si on leur envoie de là-bas une presse typographique ils traduiront le missel, l’office et le nouveau bréviaire romain, dont ils ont l’air de se réjouir comme ils se réjouissent d’entendre la messe en latin, comme on le constata quand ils demandèrent que dans certaines de leurs fêtes on célébrât des messes également en latin, chose que les nôtres firent avec grand apparat de musique et d’instruments avec un grand enthousiasme du peuple etc.

Cochin,le 18 janvier 1580.

Matteo Ricci au père Manuel de Goes à Coimbra

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a Il faut lire máquina.

b Horta.

c Le récit solennel de ce baptême apparaît sous la plume de Daniello Bartoli, Dell'historia della compagnia di Gesù. L'Asia , Parte I, libro VII, cap. VI, Genova, Stamperia di Benedetto Guasco, 1656, p. 638-644.

d Le patriarche d’Abyssinie Andrea Oviedo

e Jorge Fernandez S.I., tué par les Indiens de Java en septembre 1580.

f Mathias d'Albuquerque, vice-roi des Indes portugaises de 1591 à 1597.

g Alessandro Valignano (7 février 1539 à Chieti, Abruzzes - 20 janvier 1606 à Macao).

h Il s’agit de la communauté des chrétiens nestoriens du Malabar dite de saint Thomas.

i Pietro Tacchi Venturi le désigne comme évêque d’Angamaly ou de Cranganore. Il s’agit sans doute du schismatique Mar Siméon.

j Ricci semble ici ignorer que le schismatique Siméon était parvenu pendant un moment à tromper la Curie romaine.

1 Jalaluddin Muhammad Akbar dit Akbar, le grand Moghol (Umarkot 15 ou 23 octobre 1542 – Agra, 27 octobre 1605)

2 L’actuel Gujarat, au nord-ouest de l’Inde.

3 Mohammed Hakim Mirza (Kaboul 19 avril 1553 – Kaboul 10 octobre 1585), demi-frère d’Akbar.

4 L’Himalaya.

5 De loi divine, de religion (Littré) par opposition à la loi naturelle.

6 Il est fait allusion ici à Pedro Tavares, un capitaine portugais basé à Satgaon que Ricci cite quelques lignes plus bas.

7 Il s’agit de Francis Julian Pereira, vicaire de Satgaon.

8 Henrique de Távora e Brito O.P., dominicain, Archevêque de Goa de 1576 à 1581 date de sa mort.

9 Ebadola dont le véritable nom était Abdullah Khan, arrivé à Goa avec Dominique Perez, un interprète chrétien arménien, en septembre 1579. Cet épisode est souvent cité dans les histoires des missions : D. Bartoli, Missione al Gran Mogor , au chapitre I (éditoin de référence Bari, Edizioni Paoline, 1961 (1651), avant lui Francesco Sacchini, Historia Societatis Jesu , parte IV, libro VII, M. Henrion, Histoire générale des missions catholiques , vol. 2, Paris, Gaume Frères, 1847, livre II, chap. XXI, p. 158.

10 Le dénommé Ebadola.

11 Autour du Vieux Goa d'aujourd'hui, il n'existe pas de toponyme "Santiago" hormis l'église Saint-Philippe et Saint-Jacques de Cortalim, dans la zone portuaire située au Sud et distante, comme le dit Ricci dans sa lettre, "à deux ou trois lieues" de la ville ancienne où se trouve la Basilique du Bon Jésus et les ruines du Collège Saint-Paul.

12 Au nom de l’interdit de la consommation d’alcool en Islam.

13 Cette maison accueillait les jeunes gens, les orphelins et les indigènes.

14 Sous la plume de Ricci, la signification du substantif mesas en portugais fait référence aux statuts de l’Université de Coïmbra qui décrivent des espaces de constitués de tables autour desquelles se tenaient des débats sur différents sujets (mesas de philosophia). Mises en place dans l’Université, ces tables accueillaient des sessions de disputes sur des thèmes défendus par des bacheliers perchés sur des tabourets la tête découverte.

15 Le choix se porta finalement sur le père Antonio Monserrate S.I. (1536-1605).

16 Ville connue également sous le nom de Baçaim ou Fort de Bassein, aujourd’hui Vasai dans l’Etat du Maharashtra, située à 50 km au nord de Bombay.

17 Francis Julian Pereira, vicaire général du Bengale.

18 Dans l’abondante littérature de l’histoire de l’Inde, on trouve ce nom sous la forme Idalção, Hidalcao, Idalcan, Hidalcan, Dialcan, Idalxa, Hidal Khan. Il s’agit du titre de la dynastie des Adil Shahi, fondée par Yusuf Adil Shah, souverains du sultanat de Bijapur pendant deux siècles. Il faut lire donc ici Adil Khan, le sultan du royaume de Bijapur, où se trouve Goa dans l’actuel Etat de Goa qui borde le Maharastra et le Karnataka.La lettre portant la date du 18 janvier 1580, il s'agit ici sans doute d'Ali Adil Shah I (1558-1579), cinquième sultan, mort pendant l'année 1579 et non de son succeseur le sultan Ibrahim Adil Shah II qui prit ses fonction au cours de l'année 1580.

19 En marathi (langue du Maharashtra) Sashti, en portugais Salsete, est une île du Maharashtra sur la côte ouest de l’Inde.

20 Le détroit de Bab-el-Mandeb.

21 Ricci utilise Abexim , une variation portugaise des termes abessim, abaxi, abassi, abessino, abessinio, qui semblent être la translittération de l’arabe al-habshi ou al habashi, le suffixe portugais –im reproduisant la nisba ou gentilé arabe en -i. Ce terme désignait le roi d’Ethiopie. Il s’agit ici de l’un des rois de la dynastie salomonide, Sarsa Dengel.

22 Ricci ne nomme pas ici le roi de Perse qui vivait à cette époque là une grande instabilité sur le trône. Tahmsap I qui avait initié ces guerres contre les Turcs meurt le 14 mai 1576. Lui succède son second fils Ismaïl II qui meurt empoisonné un an plus tard, puis son aîné Muhammad Khudabanda qui règne jusqu’en 1588.

23 Il s’agit de l’archipel des Moluques, Maluku en indonésien.

24 Cet épisode est documenté par une lettre de Gundisalvus de Moura S.I. envoyée de Malacca le 3 décembre 1579. Il y précise que plus de mille membres de la noblesse avaient perdu la vie. cf. Josef Wiki, Documenta indica : 1577-1580, Monumenta historica Societatis Iesu : Monumenta missionum Societatis Iesu vol. XI, Romae, Apud Monumenta Historica Soc. Iesu, 1970, p. 780 et suivantes.

25 Le père Duarte Leitão (1544-1592) est connu pour avoir participé à la deuxième mission jésuite qui fut envoyée à Lahore en 1591, à la cour d’Akbar.

26 Le roi de Bungo ici n’est autre qu’Ōtomo Yoshishige, connu aussi sous le nom d’Ōtomo Sōrin (31 janvier 1530-11 juin 1587)

27 Le roi du Bungo était à la tête des provinces de Bungo, Higo, Buzen, Chikuzen, Chikugo.

28 >Après un an d’interrègne, entre 1577 et 1578, le pouvoir fut confié au Raja Sri Marthanda Varma (1578-1592), Raja de Venad.

29 Mar Abraham (en syriaque Mar signifie « seigneur » ou « saint ») n’est autre qu’Abraham d’Angamaly , évêque nestorien envoyé par le patriarche syrien Shemon VII Ishoyahb.

30 Georges du Christ.

31 Il s’agit ici de la prosphore, pain utilisé pour la communion eucharistique dans les églises d’Orient.

32 Ils ne communient que sous une seule espèce, celle du pain seulement et non sous celle du vin.